Aveia e Glúten - Fidu | Alimentos Inclusivos

Aveia na dieta sem glúten – Sim ou Não?

Uma dieta sem glúten é o único meio eficaz de tratar a doença celíaca. Essa dieta permite o controlo dos sintomas e evita várias complicações associadas a essa condição.

O trigo, centeio e cevada e espécies relacionadas devem ser rigorosamente evitados, mas o papel da aveia é mais controverso (1). Por isso, surge frequentemente a dúvida se quem segue uma dieta sem glúten, e principalmente os celíacos, podem ou não comer aveia.

A resposta é… depende. Porquê? Vamos ver a seguir.

 

Como é a aveia classificada pela legislação europeia?

O Regulamento Europeu nº 1169/2011 que regula a informação a apresentar na rotulagem de alimentos, lista a aveia como uma das substâncias que provocam alergias ou intolerâncias na categoria dos Cereais que contêm glúten. O principal motivo para isso é o facto de a aveia ser frequentemente contaminada com outros cereais que contêm glúten (principalmente cevada) durante as suas fases de produção. Por esse motivo, a aveia deve ser sempre destacada na rotulagem, sendo apenas segura quando indica especificamente que é isenta de glúten, ou seja, que contém uma quantidade de glúten inferior a 20mg/kg. (2)

 

O que diz a Associação Portuguesa de Celíacos (APC) acerca do consumo da aveia?

A APC indica que os celíacos, em geral, podem consumir aveia, desde que seja aveia pura, certificada como isenta de glúten. No entanto, salienta que embora estudos tenham demonstrado que a aveia não é tóxica para 95% dos celíacos, um pequeno subgrupo (<5%) não a tolera. (3)

 

Dado isto, pesquisámos um pouco mais, e deixamos aqui um pequeno resumo do que encontrámos.

Importa primeiro perceber o que é o glúten. O glúten inclui dois tipos de proteína dos cereais: prolaminas e gluteninas. A aveia comparativamente ao trigo, cevada e centeio, contém quantidades significativamente mais baixas de prolamina, a avenina. (2, 4)

 

Prós do consumo de aveia numa dieta sem glúten:

- A aveia tem boas qualidades nutricionais, como alto teor de proteínas, presença de substâncias biologicamente ativas e benéficas (fibras, betaglucanos, ácidos gordos polinsaturados, aminoácidos essenciais, antioxidantes, vitaminas e minerais). (1)

- A inclusão de aveia isenta de glúten na dieta do celíaco permite um aumento da variedade de alimentos a que pode ter acesso, uma vez que é frequentemente usada em produtos isentos de glúten. (4)

- O seu sabor agradável, versatilidade e a tolerância pela maioria dos celíacos, tornam a utilização da aveia popular em receitas sem glúten. (5)

- Estudos confirmam que a aveia pura é bem tolerada pela maioria dos celíacos, desde que em quantidades moderadas (20-25 g/dia de aveia seca para crianças; 50-70 g/dia para adultos). (4)

 

Contras do consumo de aveia numa dieta sem glúten:

- Um dos problemas da aveia é a possibilidade de contaminação com outras fontes de cereais durantes as várias fases de produção, desde o cultivo, colheita, transformação e embalamento. No entanto, no caso de aveia certificada como isenta de glúten, esta questão não se coloca, sendo por isso fundamental a leitura atenta dos rótulos para saber se o produto é ou não isento de glúten. (1)

- Mesmo quando a aveia é isenta de contaminação por glúten, cerca de 5% dos celíacos não tolera o seu consumo. A avenina, proteína da aveia, é considerada a responsável por desencadear a resposta imunológica semelhante ao glúten. (3)

- É necessário considerar também que a aveia inclui muitas variedades, contendo por isso variações nas suas proteínas. Vários estudos mostraram que a reatividade imunológica à aveia varia de acordo com a variedade consumida. (1)

- O risco do consumo prolongado de aveia por pacientes celíacos é também motivo de debate entre os especialistas, uma vez que o risco de sensibilização e uma reação imunologicamente mediada adversa é uma ameaça real em alguns pacientes celíacos. (1)

 

Recomendações dos especialistas:

A introdução de aveia em uma dieta sem glúten para pacientes celíacos recém-diagnosticados não é apropriada, pois é necessária uma adesão estrita a uma dieta sem glúten e sem aveia para uma correta recuperação. (3, 5)

Apenas após a recuperação dos sintomas e normalização do intestino, ou seja, em pacientes com doença celíaca em remissão, poderá ser introduzida a aveia na dieta, mas de forma cautelosa, gradual e devidamente monitorizada pelo médico e nutricionista, devido à suscetibilidade individual à aveia. (3, 4, 5)

No caso de o celíaco poder consumir aveia, deve garantir que esta está livre de contaminação, ou seja, deve adquirir apenas a aveia com a menção “isento de glúten”. (3)

A dose segura de aveia na dieta para pacientes celíacos em remissão é variável entre 20g (para crianças) e 70g (para adultos) por dia. (5)

Se o celíaco pertencer aos 5% que não toleram a aveia, não podem consumir qualquer aveia, mesmo a que garanta a isenção de glúten, pois o problema reside na avenina e não na contaminação do produto. (3)

 

A opinião da Fidu:

Dado o potencial de sensibilidade à aveia de doentes celíacos e de outras doenças relacionadas com o glúten, na Fidu optamos por não usar aveia nem ingredientes derivados nos nossos produtos.

Por esse motivo, desenvolvemos o nosso Preparado para Panquecas isento de aveia, como uma alternativa aos preparados sem glúten de outras marcas que incluem aveia, para que quem tem sensibilidade à aveia possa também desfrutar de deliciosas panquecas.

Conheça este e outros produtos Fidu, aptos para celíacos, alérgicos e intolerantes aqui.

 

 

Nota Importante: O conteúdo desde artigo é meramente informativo e não deve substituir as indicações médicas.

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(1) Comino I, Moreno ML, Sousa C. Role of oats in celiac disease. World J Gastroenterol 2015; 21(41): 11825-11831.

(2) NDA, 2016. Scientific Opinion on the evaluation of allergenic foods and food ingredients for labelling purposes. EFSA Journal, 12(11).

(3) APC, 2020. Dieta Isenta de Glúten – FAQS. Disponível em: https://www.celiacos.org.pt/dieta-isenta-de-gluten-faqs/

(4) Spector Cohen, I., Day, A. S., & Shaoul, R. (2019). To Be Oats or Not to Be? An Update on the Ongoing Debate on Oats for Patients With Celiac Disease. Frontiers in pediatrics, 7, 384.

(5) Hoffmanová, I., Sánchez, D., Szczepanková, A., & Tlaskalová-Hogenová, H. (2019). The Pros and Cons of Using Oat in a Gluten-Free Diet for Celiac Patients. Nutrients, 11(10), 2345.

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